SÃO PAULO - O perfil dos compradores de imóveis e
também das unidades compradas têm mudado. Os imóveis com um dormitório têm
alcançado o topo da preferência dos solteiros ou dos casais sem filhos, que
estão cada vez mais exigentes. "Esses consumidores 'antenados' e
contestadores analisam os investimentos, comparam preços e usam as redes
sociais para trocar informações. Priorizam a individualidade e têm visão
urbanística particular", comenta o presidente do Secovi-SP (Sindicato da
Habitação) e da CII/CBIC (Comissão Nacional da Indústria Imobiliária da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção), João Crestana.
Segundo Crestana, a procura por esses imóveis acontece por conta do bônus demográfico brasileiro. "Situação em que o número de pessoas ativas entre 20 e 50 anos supera a soma de crianças e aposentados", completa, afirmando que "esta mudança, aliada à mobilização econômica de 40 milhões de cidadãos, registrada nos últimos anos, e às melhorias das condições de crédito, permitiu a geração de uma demanda imobiliária até então inédita". Mais exigentes.
De acordo com presidente do Secovi, os solteiros
e os casais sem filhos são mais dedicados à carreira e à formação
profissional, por isso, o interesse imobiliário desse perfil é diferente.
"O interesse imobiliário desses jovens vai de estúdios compactos e sem
divisórias, com 35 metros quadrados e sem vaga de garagem, perpassam os 'sala
e quarto' e se alçam aos sofisticados lofts de 100 metros quadrados e duas
vagas", afirma.
Segundo Crestana, as condições para escolher um
determinado imóvel também mudaram, e o valor não é mais o fator decisivo.
"Uns exigem preços acessíveis e dispensam equipamentos comunitários,
fator preponderante para a redução da taxa condominial. Outros procuram
condomínios adjacentes ao metrô e a corredores de ônibus e valorizam
funcionalidades, como lavanderia coletiva", explica.
Arquitetura moderna, espaços abertos, raia de
natação e espaço gourmet são algumas das exigências mais refinadas desse
público, que, segundo Crestana, consideram essencial a proximidade do imóvel
com o local de trabalho, universidades, cinemas, bares, restaurantes e
baladas.
Segundo o presidente, nas regiões periféricas da
cidade de São Paulo, há procura por unidades menores e disponíveis por
aproximadamente R$ 100 mil. Em regiões mais centrais, há aquelas disponíveis
por R$ 250 mil e, dependendo da localização e dos atributos, encontram-se as
que ultrapassam R$ 1 milhão. Um dos tipos de imóveis que perdeu espaço foram
as quitinetes. "Sucesso nas décadas de 1960 e 1970, a locação de
quitinetes complementava a aposentadoria de seus proprietários. Porém, o
protecionismo danoso da lei do inquilinato vigente à época permitiu que
inquilinos de má-fé deixassem de pagar o aluguel, danificando imóveis e se
recusando a sair. Com isso, essas unidades perderam reputação", explica
Crestana, explicando que, "agora, imóveis de um dormitório recuperam
importância e incentivam a volta da locação como investimento. As
modernidades legais e a demanda permitem este progresso".
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JOVENS ESTÃO MAIS EXIGENTES NA HORA DE COMPRAR UM IMÓVEL
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