Dificuldade para contratar mão de obra aumenta procura por casas ou apartamentos usados que já estejam renovados
Maior chance de valorização ocorre em residências antigas localizadas em bairros nobres e disputados
Refazer as instalações elétricas e hidráulicas, atualizar a planta e dar um novo uso para as dependências de empregada podem valorizar em mais de 30% os imóveis antigos, especialmente em bairros nobres de São Paulo, como Higienópolis e Jardins), que têm escassez de terrenos e menos lançamentos.
Em tempos de "apagão de mão de obra" na construção, imóveis reformados "que não precisam fazer nada" viraram objeto de desejo.
O corretor Tony Mello, da imobiliária Cheznous, afirma que o metro quadrado de um apartamento antigo nos Jardins sai por volta de R$ 5.500, enquanto em um imóvel renovado passa de R$ 9.000 -até 63,6% mais.
"Um prédio na Peixoto Gomide tem dois apartamentos para vender, com a mesma metragem e número de vagas igual. Um custa R$ 4,5 milhões e o outro, R$ 2,8 milhões. A diferença é a reforma", diz Mello.
Em Higienópolis, há dois apartamentos à venda em um mesmo edifício, de igual metragem, com preços pedidos de R$ 500 mil e de R$ 790 mil por causa do estado diferente de conservação.
Quem busca imóvel usado quer cômodos maiores do que o dos lançamentos, além de pé direito alto, janelões e muita privacidade.
Apartamentos sem suítes, em que os moradores dividem banheiro, estão defasados.
"É inadmissível um apartamento de mais de 140 m² sem uma suíte", diz a arquiteta Patricia Diana.
GANHO
Profissional das reformas, ela se especializou em comprar apartamentos "antiguinhos" de Higienópolis, quebrar tudo, fazer uma superreforma e depois vender. "Dá para ganhar de 20% a 30%."
O casal italiano Vincenzo Asta e Carla Perretti, que vive entre Milão e São Paulo, buscou a praticidade. "Após visitar mais de 20 apartamentos escuros e horrorosos", decidiu, em um fim de semana, comprar um imóvel da arquiteta em Higienópolis. "Morando fora do Brasil, não tínhamos como acompanhar uma reforma", diz Asta.
O problema é que nem toda reforma agrada ou tem valor reconhecido no mercado. Fundir quartos pequenos, construir móveis de alvenaria e mesmo abrir totalmente a cozinha para a sala são intervenções polêmicas.
"Qualquer personalização excessiva reduz o público e diminui o valor", diz o economista Luiz Calado, autor de "Imóveis - Seu Guia para Fazer da Compra e Venda um Grande Negócio" (Saraiva).
"Uma pessoa que compra um imóvel bem localizado, construído há 20 ou 30 anos, que faz uma reforma adaptando à vida moderna consegue até duplicar o valor. Mas tem de tomar cuidado com o tipo de reforma. Enfeitar a noiva pode até ajudar porque deixar muito caído dá sensação de abandono", diz Ademir Gusmão, diretor da Pronto, unidade de usados Lopes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixa aqui a sua mensagem. Agradeço a sua visita.