SÃO PAULO - Depois de desacelerar um pouco no segundo semestre de 2011, os imóveis de luxo voltam às pautas das imobiliárias do País. Com projetos de construção de imóveis para a classe AAA, o ano deverá presenciar um salto das imobiliárias que pode chegar a 15%.
Exemplo disso, a Judice & Araújo, especializada no segmento e representante da Christie's International Real Estate no Brasil. A empresa já prevê expansão de 70% em 2012. "Crescemos 150% no primeiro semestre de 2011. Em agosto, o mercado parou. Houve, inclusive, leve redução de preços de imóveis. Fechamos o ano com alta de 58%", conta o diretor Frederico Judice.
O executivo, que tem como foco o mercado no Rio de Janeiro afirma ainda que o ano começou com bons números para o segmento de luxo no País. "Começamos 2012 com margem de negociação melhor. Cerca de R$ 21 mil por metro quadrado no Leblon, e R$ 14 mil na Barra", conta Judice.
No Ceará, a imobiliária Franco Italian conta que a procura já está mais aquecida neste semestre. "No último semestre do ano passado estávamos convivendo com as últimas reações no País da crise mundial, muitos compradores escolheram esperar para comprar imóveis de mais de R$ 5 milhões", afirma.
"Este ano", detalha o executivo, "já registramos alta de 15% na procura por imóveis e 5% em negócios fechados". A Franco Italian espera fechar o ano com alta de 10% em negócios concluídos. "Falamos de imóveis a cima de R$ 4 milhões, por isso é um mercado mais seletivo", complementa.
De acordo com a consultoria Luxure Institute este ano deve haver um incremento na casa dos US$ 26 bilhões em compras de alto padrão, divididos em imóveis, tecnologia e bens de consumo. "Esse valor irá respingar na construção uma vez que as incorporadoras começarão a projetar empreendimentos com este enfoque", diz Clara Rennegh, consultora de imóveis da Construpar, em Belo Horizonte (MG)
Desaceleração nos preços
Outra vantagem para as imobiliárias este ano é uma leve redução dos preços dos imóveis deste padrão.
Só o Rio de Janeiro viu os preços de imóveis de luxo inflarem mais de 200% este ano, mas os preços voltam a congelar em 2012. "Os preços tendem a se estabilizar, mas não vão descer de patamar", explica a vice-presidente-financeira do Secovi-RJ, Maria Teresa Mendonça.
Ela explica que a forte alta da última década (quando os preços de imóveis residenciais e comerciais chegaram a subir 400% e 700%) se deveu à inércia do setor nos anos anteriores. "O mercado imobiliário ficou parado cerca de 20 ano anos até a retomada do crescimento", diz.
Descentralização
Além do Rio de Janeiro e São Paulo, tradicionais players para residências de alto padrão, o nordeste começa a despontar como boa opção de investimento. Exemplo disso é a empresa In's no Brasil. O grupo, que em 2010 tornou-se afiliado da Christie's Great Estates e vem registrando crescimento médio de 25% ao ano, nos últimos três anos.
Com escritório em Fortaleza, Francisco Próspero, diretor-executivo do grupo, afirma que boa parte da procura por imóveis desse perfil na região é feito por europeus que já respondem por 60% dos negócios da empresa.
"Com o crescimento da economia no Brasil, as pessoas aqui estão com uma maior capacidade financeira, ao contrário do que ocorre na Europa, dado o contexto internacional da economia."
O executivo conta ainda que os compradores vêm das grandes capitais brasileiras também. "São compradores do nordeste, de São Paulo, Brasília, Pará, pessoas que compram como uma segunda residência para passar férias ou como um investimento."
Atualmente a empresa conta com mais de 250 imóveis neste perfil nos Estados do Ceará, Maranhão, Piauí e Pará. "São coberturas com piscina nas capitais, apartamentos de mil metros quadrados em condomínios de luxo com vista para o mar, casas de praia, fazendas de recreio com cavalos e lagos", exemplifica.
Quem também aproveita o mercado para crescer é a Lafem Engenharia, que cresceu 78% em 2011 apoiada em construções de luxo.
Só a Prime Lafem, braço da construtora direcionado para construção residencial de luxo, deve alcançar um volume de contratos de R$ 20 milhões em 2012, mais que o dobro dos R$ 9 milhões alcançados no ano passado. A meta em 2012 é manter o mesmo ritmo de crescimento e alcançar um volume de contratos na ordem de R$ 220 milhões. "Nossa meta é atuarmos em diversos segmentos, tais como: construções novas e retrofits de prédios corporativos, obras industriais, construção de hotéis e shoppings, que estão em ritmo acelerado no Rio de Janeiro", diz o diretor da Lafem Engenharia, Paulo Renato Paquet.
Em 2011 a empresa realizou quatro obras nesse perfil.
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