As taxas mais baixas para o
crédito imobiliário ampliaram a capacidade de financiamento de um imóvel em
10%. De acordo com cálculo do Sindicato da Habitação (Secovi), o mesmo valor
desembolsado nas parcelas para manter um financiamento antigo de R$ 150 mil vai
valer para um de R$ 165 mil com as taxas atuais, por exemplo.
A Caixa Econômica Federal
reduziu as taxas de juros de 10% ao ano para 9% para imóveis de até R$ 500 mil.
Os clientes do banco com conta salário tiveram redução ainda maior, chegando a
7,9% ao ano para financiamento de imóveis de até R$ 450 mil pelo Sistema
Financeiro da Habitação (SFH).
"Essa redução dos juros pode ser utilizada de duas formas: quem não conseguia comprar imóvel pode ter o seu imóvel e, agora, quem tiver condição pode comprar um imóvel 10% mais caro pagando as mesmas parcelas", afirma o economista-chefe da entidade, Celso Petrucci.
"Essa redução dos juros pode ser utilizada de duas formas: quem não conseguia comprar imóvel pode ter o seu imóvel e, agora, quem tiver condição pode comprar um imóvel 10% mais caro pagando as mesmas parcelas", afirma o economista-chefe da entidade, Celso Petrucci.
Apesar do cenário positivo,
a recomendação dos especialistas é de cautela ao fechar o negócio. O cliente
deve levar em conta que os contratos para o financiamento imobiliário podem
chegar a 30 anos. "Não é para ficar exageradamente ansioso com as
novidades do setor. O mais importante ainda é identificar se você quer mesmo o
imóvel. É uma decisão que vale por 30 anos", diz o professor Roy
Martelanc, da Fundação Instituto de Administração (FIA).
A portabilidade para
financiamentos imobiliários também costuma ser burocrática, o que faz com que a
decisão tenha de ser a mais correta possível. De acordo com o Secovi, o governo
já estuda algumas mudanças nas regras para tornar a operação mais fácil.
As taxas mais baixas também
preveem que o poder de barganha do consumidor deve aumentar nos próximos meses.
Nesta semana, o consumidor tem uma boa oportunidade de testar isso. As cidades
de São Paulo, Curitiba e Fortaleza vão receber a 8ª edição do Feirão da Caixa
da Casa Própria a partir de sexta-feira. O evento vai até domingo. "É
importante pesquisar em vários bancos antes de fechar o negócio", afirma
Martelanc. Em São Paulo, a Caixa estima que a oferta será de 195.500 unidades
de imóveis.
Na avaliação do educador
financeiro Mauro Calil, sempre que o orçamento permitir deve-se optar pela
compra da casa própria. "Não dá para medir o estresse de não ter de
renegociar o contrato de aluguel", afirma. "Só não compre por
impulso, é ruim porque a pessoa pode se meter numa divida por 30 anos",
diz.
Os analistas não são
unânimes sobre o futuro dos preços. Para o professor Samy Dana, da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), o valor dos imóveis deve recuar. "Eu acho que os
preços estão exagerados, acho que a gente passou do limite do razoável",
afirma. "Tem de esperar, os preços estão estáveis e em alguns lugares
estão caindo", diz.
Ele recomenda que,
independentemente da decisão, consumidor deve sempre checar o Custo Efetivo
Total (CET) da operação para confirmar se não foi cobrada nenhuma taxa que
encareça demais o contrato.
Na avaliação do economista
Eduardo Zylberstajn, a queda dos juros para o financiamento da casa própria
deverá ser lenta. Ele explica que boa parte do estoque que financia a poupança
ainda é remunerada pela regra antiga (6% ao ano mais a TR; pela regra nova a
rentabilidade é de 70% da Selic, a taxa básica de juros, mais TR).
"Ou seja, fica difícil
para o banco emprestar a menos de 9% ou 10% ao ano", afirma. "Seria
preciso que todo o estoque de poupança fosse resgatado. Isso vai demorar para
acontecer", diz Zylberstajn, para quem os juros do financiamento
imobiliário são baixos para os parâmetros do Brasil.
Segundo o economista-chefe do Secovi, os preços dos imóveis deverão permanecer estáveis este ano. Para os imóveis novos, a variação será entre 5% e 10%. "É um repasse no preço do custo de construção e aumento de mão de obra", afirma Petrucci.
Segundo o economista-chefe do Secovi, os preços dos imóveis deverão permanecer estáveis este ano. Para os imóveis novos, a variação será entre 5% e 10%. "É um repasse no preço do custo de construção e aumento de mão de obra", afirma Petrucci.
Pelos dados do Secovi, no
primeiro trimestre houve uma alta de 27% no número de unidades vendidas e
também no valor das vendas. Já o número de lançamentos de imóveis caiu 30% nos
primeiros três meses do ano.