A Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou ontem novas regras de financiamento imobiliário, conforme antecipou o site do Valor. A ação é mais uma ofensiva do governo federal para a redução dos custos do crédito, englobando agora a área habitacional. As novas regras passam a valer a partir de segunda-feira e não se aplicam a operações de refinanciamento de imóveis, ficando restritas a novos financiamentos.
De acordo com informações divulgadas pelo banco, o prazo do crédito habitacional para imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com lastro em recursos da caderneta de poupança, foi ampliado de 30 anos para 35 anos.
As taxas de juros para imóveis financiados pelo sistema caem de 9% ao ano para 8,85% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR). A taxa pode chegar a 7,8%, dependendo do relacionamento do cliente com o banco. Para imóveis fora do SFH, as taxas foram reduzidas de 10% para 9,9% ao ano mais TR, podendo chegar a 8,9%.
No caso do crédito à construção, o prazo das linhas de financiamento foi ampliado de 24 meses para 36 meses. A taxa de financiamento à produção de unidades residenciais da Caixa caiu para 10,30%, podendo chegar a 9%. Para o financiamento de unidades comerciais, a taxa foi reduzida para 13%, também ficando menor (11%) em caso de relacionamento com o banco.
O vice-presidente de governo e habitação da Caixa, José Urbano Duarte, afirmou que ainda não procurou o Tesouro para solicitar uma capitalização de recursos para acelerar as operações de crédito neste ano. "Quando for a hora, vamos bater na porta do Tesouro."
Duarte projeta um aumento entre 20% e 25% da contratação de financiamentos imobiliários neste ano em relação ao mesmo período de 2011. A perspectiva é que as contratações da modalidade de crédito fiquem entre R$ 96 bilhões e R$ 100 bilhões neste ano. De janeiro a 31 de maio, a contratação de crédito imobiliário foi de R$ 36,66 bilhões. No mesmo período de 2011, esse valor correspondia a R$ 25,01 bilhões.
Duarte disse que solicitou ao conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a ampliação dos prazos de pagamento do crédito habitacional também para empreendimentos que são construídos com funding do FGTS, que é mais barato do que a caderneta de poupança.
Para analistas do setor, as novas regras foram consideradas positivas para as incorporadoras, à medida que podem contribuir para incentivar a demanda e a produção de unidades, mas não são suficientes para reverter os problemas enfrentados pelo segmento.
No médio prazo, é esperado um movimento mais forte de tomada de empréstimos por parte dos compradores, mas o nível já alto de endividamento das famílias ainda deve pesar na demanda, segundo o analista Flávio Ramalho, da Banif Corretora. O alto preço das casas também é um obstáculo para o aumento da demanda. "O valor subiu bem acima da renda disponível nos últimos anos e a renda também ficou mais comprometida com outras dívidas ", diz Ramalho.
Para Erick Scott Hood, da SLW Corretora, há outro fato que pode diminuir o efeito das medidas tomadas pela Caixa. "O problema é que boa parte das pessoas que planejava comprar um imóvel já fez isso no bom momento do setor, até 2010", explica.
Embora as medidas sejam favoráveis ao setor, a maior parte dos problemas que levaram várias incorporadoras a apresentar, nos dois últimos trimestres, resultados ruins e abaixo dos esperados pelo mercado, não resulta das condições de crédito imobiliário em vigor até agora.
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