SÃO PAULO - O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Octavio de Lazari, afirmou nesta quarta-feira que a instituição mantém a projeção de crescimento de 30% do crédito imobiliário neste ano, para o montante de R$ 103,9 bilhões. O resultado representa uma desaceleração ante o salto de 42% registrada no ano passado.
"Um crescimento menor não significa um resultado ruim", disse Lazari, afirmando que o nível de expansão vista nos anos anteriores era insustentável e que causou dificuldades para incorporadoras, como falta de insumo, alto preço da mão de obra e atraso na entrega de empreendimentos.
Lazari também disse acreditar que a redução dos juros nos financiamentos imobiliários da Caixa Econômica Federal, anunciada nesta quarta-feira, vai contribuir para a expansão do crédito no País. "À medida que ocorre redução da Selic, as demais taxas de juros também são pressionadas a cair", disse.
Ainda assim, Lazari manteve a previsão de expansão de 30% do crédito imobiliário em 2012. Ele lembrou que o ciclo produtivo da construção é longo - abrange licenciamento, obtenção de terrenos, comercialização e construção dos imóveis - e não passará por nenhuma aceleração significativa por conta dos cortes dos juros. "Não é um produto que pode ser disponibilizado no mercado de um dia para o outro", explicou, refutando variações mais profundas no mercado neste ano.
Lazari avaliou que o crescimento de 9,9% no volume de financiamentos imobiliários registrados no primeiro trimestre deste ano ficou até acima das expectativas. "Nós contávamos com uma alta em torno de 9%", disse, lembrando que o começo do ano concentra boa parte dos gastos das pessoas físicas com impostos, além de ser um período de férias e feriados. "Os financiamentos costumam crescer a partir do segundo trimestre."
A Abecip também informou hoje que a taxa de inadimplência dos financiamentos imobiliários - considerando os atrasos no pagamento superiores a três meses - se manteve estável em março ante fevereiro, no patamar de 2,0%.
Poupança
Lazari afirmou que o setor segue atento a possíveis alterações na remuneração da poupança em meio ao ciclo de queda da Selic, a taxa básica de juros. "Essa é uma possibilidade que segue no nosso radar", disse. No entanto, ele afirmou achar menos provável que uma alteração ocorra no curto prazo. "Por enquanto, não estamos vendo um crescimento acentuado das aplicações na caderneta de poupança que apontem uma migração dos investimentos", o que justificaria uma intervenção mais rápida do governo. E Lazari completou: "Não nos parece que será uma medida para ser tomada agora."
Em meio ao cenário atual e à perspectiva de crescimento do crédito imobiliário de 30% em 2012, os recursos da poupança serão suficientes para alimentar o crédito imobiliário até 2014, estimou o presidente da Abecip.