As vendas de imóveis usados no Estado de São Paulo cresceram 9,3% em março, sustentando o movimento de alta registrado em fevereiro, quando o número de transações foi 4,54% maior que o de janeiro. A locação de casas e apartamentos, porém, caminhou em sentido contrário, acumulando dois meses de queda no número de novas locações - 1,71% e março e 5,38% em fevereiro.
Os números foram levantados em pesquisa feita com 1.418 imobiliárias de 37 cidades do Estado pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (CRECISP). Março foi o terceiro mês seguido de queda dos preços médios de venda e de locação residencial registrado pelo Índice Estadual de Preços de Imóveis Usados Residenciais do CRECISP.
O Índice Crecisp encolheu 7,49% em março. Em fevereiro, a queda foi de 1,94% e em janeiro, de 5,2%. No ano, o índice acumula queda de 14%, mas em 12 meses o saldo é positivo, com alta de 8,79%. O Índice Crecisp é composto pela média de preços de imóveis vendidos e de novos aluguéis contratados no Estado. Em março, foram considerados preços de venda e de locação de 4.441 imóveis pesquisados nas 37 cidades, incluída a Capital.
"A manutenção das vendas em março é um bom resultado, considerando o estado geral da Economia, de encolhimento da produção e das vendas em vários setores, o crescimento da inadimplência e os sinais aparentes de esgotamento da capacidade de endividamento das famílias", afirma José Augusto Viana Neto, presidente do CRECISP. Sem que defina tendência para os próximos meses, o bom desempenho das vendas em março é indicativo de que o temor do endividamento, que começa a se espalhar, não contaminou os compradores potenciais de um dos bens mais caros que as famílias adquirem, que é a casa própria.
"Imóvel é sempre um bom negócio, no qual não se perde dinheiro, somente se ganha, se respeitadas regras essenciais na hora da compra", destaca o presidente do CRECISP. Ele lista entre essas regras o comprometimento da renda com prestações até o limite de 30%, a pesquisa minuciosa e exaustiva das condições do imóvel, como localização, vizinhança, solidez da construção, e a destinação que se pretende dar a ele no médio e longo prazos. "Comprar pensando em vender no curto prazo é péssimo negócio, e garantia certa de frustração porque não se vende uma casa como se vendia um carro usado", alerta Viana Neto. O uso do verbo no passado, ele explica, se deve ao fato de que "o aperto no orçamento das famílias está fazendo o carro usado virar um ´mico´ no mercado".
Liderança dos financiamentos
O número de unidades comercializadas neste período fez com o índice estadual de vendas evoluiu de 0,6529 em fevereiro para 0,7137 em março, uma alta de 9,3%. O mercado não teve comportamento uniforme nas quatro regiões pesquisadas: houve queda de 5,01% no Litoral e de 0,32% no Interior e alta de 34,64% na Capital e de 23,07% nas cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Guarulhos e Osasco.
As 1.418 imobiliárias pesquisadas pelo CRECISP nas 37 cidades venderam a maioria dos imóveis com financiamento bancário. O crédito da Caixa Econômica Federal e de outros bancos privados e públicos respondeu por 55,7% das vendas na Capital, por 62,81% no Interior e por 68,26% nas cidades do A, B, C, D, Guarulhos e Osasco. Somente no Litoral as vendas à vista superaram as feitas a prazo, com 51,6% e 43,62% do total negociado, respectivamente.
A pesquisa CRECISP constatou que foram vendidos em março mais casas do que apartamentos, com perfis diferentes de valor nas quatro regiões em que se divide a pesquisa. Na Capital, 67,98% das casas e apartamentos vendidos tinham preço médio superior a R$200 mil. Essa faixa de valor também foi domi nante nas cidades da região do A, B, C, D, Guarulhos e Osasco, 54,55% do total.
O imóvel mais caro em março no Estado de São Paulo foram os apartamentos de 4 dormitórios na cidade do Guarujá. Conforme apurou a pesquisa CRECISP, eles foram vendidos em bairros da área nobre pelo preço de R$6.696,42 o metro quadrado.
Assim como o mais caro, o imóvel mais barato negociado pelas imobiliárias consultadas pelo CRECISP em março também estava no Litoral. Em Praia Grande, no Sul, casa de três dormitórios foi vendida por R$426,00 o metro quadrado.
Casas à frente dos apartamentos
É uma preferência que praticamente não muda. Em março, como em outros meses, a maioria dos novos inquilinos paulistas preferiu alugar uma casa para morar (55,1% do total alugado) do que um apartamento (44,9% das locações). O número de imóveis alugados em março fez com que o índice estadual de locação recuasse 1,71%, de 2,5391 em fevereiro para 2,4958 em março.
Das quatro regiões pesquisadas, duas tiveram alta no número de novas locações na comparação de março com fevereiro: Capital (+ 5,98%) e A, B, C, D, Guarulhos e Osasco (+ 9.98%). Houve queda no Interior (- 9,7%) e no Litoral (- 16,9%).
Imóveis com aluguel mensal de até R$800,00 foram os mais alugados no Litoral (50% do total de novos contratos) e no Interior (58,6%). Na Capital, a faixa dos mais alugados foi a de até R$1.000,00 (50,95%), valor que baixou para R$600,00 no A, B, C, D, Guarulhos e Osasco (59,03%).
O fiador segue sendo a opção número 1 dos novos inquilinos como instrumento jurídico de garantia de pagamento em caso de inadimplência. Segundo mostram os resultados da pesquisa CRECISP, ele esteve presente em 45,48% dos novos contratos na Capital, em 79,88% no Interior, em 52,05% no Litoral e em 44,02% no A, B, C, D, Guarulhos e Osasco.
O aluguel mais barato do Estado em março foi encontrado em São Caetano, onde casas de 1 dormitório situadas em bairros da área central foram alugadas por valores entre R$120,00 e R$750,00. Já o aluguel mais caro foi o de apartamento de 3 dormitórios em bairro da área nobre de Bertioga, alugado por R$5.500,00.
Segundo os dados apurados nas 1.418 imobiliárias pesquisadas pelo CRECISP, a inadimplência aumentou em março. Passou de 4,1% em fevereiro para 4,32% em março, uma alta de 5,34%.
Imóveis situados em áreas centrais das cidades pesquisadas tiveram a preferência dos novos inquilinos em março, com participação de 80,79% nos contratos formalizados no Interior, 78,31% na região do A, B, C, D, Guarulhos e Osasco e 73,68% no Litoral.
A pesquisa CRECISP foi realizada em 37 cidades do Estado de São Paulo: Americana, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Diadema, Guarulhos, Franca, Itu, Jundiaí, Marília, Osasco, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo, Sorocaba, Taubaté, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião, Bertioga, São Vicente, Peruíbe, Praia Grande, Ubatuba, Guarujá, Mongaguá e Itanhaém.